Alexandre Nardoni, condenado a 30 anos de prisão por matar a filha, alega inocência e se diz morto por dentro de saudade da filha. A tragédia ocorreu em 2008, a condenação dele e sua esposa, Anna Jatobá, madrasta de Isabella, se deu 2 anos depois.
Isabella Nardoni assasinada e jogada de uma janela do quinto andar pelo pai e madrasta segundo a justiça
Segundo exame criminológico, Alexandre Nardoni alega ter bom convívio com a família e quer voltar a morar e trabalhar com o pai. Os testes são requisitos para progressão de regime de pena e autorizativos de saidinhas.
São Paulo – Condenado a 30 anos de prisão por matar a filha Isabella, Alexandre Nardoni, 46 anos, afirma que mantém o casamento com Anna Carolina Jatobá, alega ter bom convívio com a família e revela ter o plano de voltar a morar e trabalhar com o pai.
As informações constam no exame criminológico, obtido pelo Metrópoles, apresentado pela Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) na segunda-feira (23/4). A análise do perfil de Nardoni era uma exigência da Justiça paulista para avaliar se deve ou não autorizar a sua volta para as ruas. Ainda não há decisão.
Nardoni é condenado por matar a própria filha, Isabella, de apenas 5 anos, que foi agredida e jogada de uma janela, no sexto andar, de um prédio da zona norte de São Paulo, em 2008. Levado a júri popular, ele foi considerado culpado dois anos depois.
Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá no dia do casamento. Ambos foram considerados culpados pelo homicídio.
Ele está em regime semiaberto porém, sua esposa hoje já goza do regime aberto.
Na nova avaliação dos profissionais da SAP, Nardoni é considerado “lúcido”, “cooperativo”, “globalmente orientado” e não haveria “contraindicação psiquiátrica, neste momento, para a progressão penal”. Já o Ministério Público de São Paulo (MPSP), que quer mantê-lo atrás das grades, diz se tratar de um “criminoso atroz, cruel e desumano”.
Em andamento a fase processual de progressão de pena solicitado pela defesa.
Família permanece unida e centrada:
Preso desde a época do crime, o assassino de Isabella está no regime semiaberto, na Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, em Tremembé, no interior paulista, conhecida como a “Cadeia dos Famosos”. A defesa entrou com pedido de progressão de regime no início do mês.
Formado em direito, Nardoni passou por entrevistas com equipe multidisciplinar, em que falou da sua infância, do crime pelo qual foi condenado e da rotina no sistema penitenciário. A análise da psicóloga, o parecer social e o laudo psiquiátrico foram emitidos, respectivamente, nos dias 17, 19 e 22 de abril.
Nas sessões, o criminoso conta que mantém o relacionamento amoroso com Anna Carolina Jatobá, a madrasta de Isabella, também condenada pelo homicídio. Os dois começaram a namorar em 2003, se casaram em 2008 e tiveram dois filhos.
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Atualmente, os jovens têm 16 e 19 anos. Segundo o documento, eles fazem visitas esporádicas na cadeia, mas sempre se encontram durante as saidinhas de Nardoni.
“Durante as saídas temporárias, desfruta dos dias em família, na companhia da esposa, filhos, irmãos e de seus pais”, diz. “O forte vínculo familiar o sustentou e tem contribuído para o seu retorno ao convívio social.”
Já Carolina Jatobá não vai visitá-lo na prisão porque cumpre pena em regime aberto. O casal, no entanto, troca cartas toda semana, segundo ele relatou nas entrevistas.
Plano de futuro de Nardoni
Se for posto em liberdade, Nardoni quer morar na casa do pai, junto com os filhos e um irmão adolescente, e ir trabalhar na empresa de construção civil do genitor. No documento, os profissionais da SAP afirmam que ele “recebe apoio incondicional da família”.
Segundo relata, a ideia de voltar para a casa do pai ganhou força após a morte da mãe, em fevereiro de 2024, que ia visitá-lo toda semana. Por causa do episódio, Nardoni chegou a receber autorização judicial para comparecer ao velório.
Desde então, é o pai quem vai sozinho à cadeia e fica responsável por mantê-lo informado das novidades na família.
Antes de ser preso, Nardoni foi office boy, teve lojas de roupa e prestou consultoria jurídica. Já na cadeia, ele conseguiu reduzir 990 dias da sua sentença, a maior parte por trabalhar. Na unidade, ele já atuou na faxina e na jardinagem.
“Demonstra, pelo seu relato e por suas atitudes no cotidiano prisional, reestruturação de valores éticos e morais, estes reforçados através de suas relações vinculares e do trabalho”, registra a psicóloga, em sua análise.
Já no relatório conjunto, os profissionais afirmam que, após 16 anos preso, Nardoni tem “planos realizáveis na retomada da vida gradual em sociedade”.
“O avaliando possui capacidade para criar e manter vínculos (…), fator importante para sua reintegração”, anota. “Durante o período de privação, vem aderindo à dinâmica institucional com ótimas avaliações, exibindo controle adequado sob seus impulsos, contanto com apoio da rede vincular para a retomada da vida.”
Os profissionais ainda concluem: “Seus planejamentos nos parecem possíveis”.
Fonte: Metrópoles com Redação RXN