No Brasil, a segurança alimentar está sob uma ameaça silenciosa, mas poderosa: a contaminação por agrotóxicos. Recentemente, o Atlas do Agrotóxico, lançado no final de 2023, revelou uma realidade alarmante: alimentos cotidianos, como pimentão, goiaba e cenoura, estão liderando a lista dos mais contaminados por essas substâncias nocivas.
Com mais de 3 mil agrotóxicos registrados para uso no país, sendo que quase metade deles são considerados altamente perigosos para a saúde, o cenário é sombrio. Entre os anos de 2010 e 2021, o uso desses produtos dobrou, desafiando as crescentes preocupações e evidências sobre seus impactos negativos.
Embora haja uma proposta de regulamentação por parte da Anvisa, os Limites Máximos de Resíduos (LMR) estabelecidos são notavelmente mais altos do que os da União Europeia, deixando os consumidores brasileiros expostos a níveis de contaminação duas ou três vezes maiores do que os considerados seguros. .
Os resultados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) de 2019 mostram que 23% das amostras ainda excedem as parâmetros legais. Essa situação é alarmante, especialmente considerando que muitos dos alimentos contaminados são aqueles comumente consumidos pela população, como arroz, alho, laranja, uva, bebida, manga, abacaxi, chuchu e batata doce.
Além disso, o glifosato, um dos agrotóxicos mais utilizados, apresenta um risco significativo à saúde humana e ao meio ambiente. Classificado como potencialmente cancerígeno, sua presença na água potável no Brasil é 5 mil vezes maior do que na União Europeia, representando uma ameaça não apenas para nós, mas também para a biodiversidade, incluindo polinizadores como as abelhas e organismos essenciais para a saúde do solo.
Essa realidade não pode ser ignorada. É urgente que as autoridades protejam a saúde pública. Os consumidores também têm um papel crucial na destruição, optando por alimentos orgânicos e apoiando práticas agrícolas orgânicas sempre que possível.
