Zero novidade: Cid diz em delação que Carlos Bolsonaro comandava ‘gabinete do ódio’ e disseminação de fakenews

Em mais um capítulo da sua delação premiada assinada com a Polícia Federal, o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), um dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro, comandava o “gabinete do ódio”, grupo de assessores do Palácio do Planalto responsáveis por publicações em redes sociais que são investigados por suspeitas de ataques aos adversários e às instituições democráticas.

Cid também vinculou o próprio Jair Bolsonaro diretamente à disseminação de notícias falsas com ataques às urnas eletrônicas, confirmando as suspeitas detectadas pela PF após encontrar mensagens do então presidente enviadas ao celular do empresário Meyer Nigri.

A delação premiada de Mauro Cid foi homologada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes no início de setembro. Depois disso, o ex-ajudante de ordens da Presidência deixou a prisão.

UM PARAIBANO NA LINHA DE FRENTE

O gabinete do ódio era composto pelos assessores Tércio Arnaud Tomaz (Paraibano suposto autor do site Bolsonaro Opressor)), José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz. A indicação deles para trabalhar no governo Bolsonaro era atribuída, nos bastidores, a Carlos. Tércio e José Matheus anteriormente foram assessores do gabinete de Carlos na Câmara do Rio.

Em seu depoimento, Cid deixou claro que o vereador era responsável pelas estratégias do então presidente da República nas redes sociais. Além disso, Carlos Bolsonaro dava ordens e comandava o gabinete do ódio, de acordo com Mauro Cid.

O grupo já era investigado dentro do inquérito das milícias digitais, que apura a atuação dos assessores palacianos e de Carlos Bolsonaro nos ataque

às instituições democráticas. O depoimento de Cid traz pela primeira vez o papel de ascendência de Carlos sobre o grupo.

As investigações da PF têm detectado indícios que essas milícias digitais geraram ataques às instituições que resultaram na disseminação de um sentimento de desconfiança sobre o período eleitoral, gerando movimentos de contestação do resultado das eleições. Isso estimulou atos antidemocráticos nas unidades militares para contestar o resultado das eleições e pode ter sido um dos elementos geradores dos atos golpistas do 8 de janeiro, conforme aponta o atual estágio das investigações.

Notícias falsas

Mauro Cid também vinculou Jair Bolsonaro à disseminação de conteúdo falso pelas redes.

De acordo com o tenente-coronel, Bolsonaro usava seu próprio telefone celular para encaminhar mensagens contendo notícias falsas com ataques às urnas eletrônicas e a diversas autoridades públicas, como ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

A PF já tinha provas desse método porque encontrou diálogos no telefone celular do empresário Meyer Nigri. Como revelou reportagem do UOL publicada em agosto, a PF encontrou ao menos 18 mensagens enviadas por Bolsonaro ao empresário contendo ataques ao Judiciário, às urnas eletrônicas e às vacinas.

Por isso, os investigadores questionaram Mauro Cid se Bolsonaro enviava diretamente de seu telefone celular as mensagens, o que o ex-ajudante de ordens confirmou.

Outro lado:

Procurada, a defesa de Jair Bolsonaro negou irregularidades e fez críticas à delação de Mauro Cid. “O eminente procurador leu toda a peça e concluiu que a mesma é fraca e desprovida de qualquer elemento de prova. A ‘delação’, segundo o procurador, mais se parece com uma confissão e o mesmo, por reiteradas vezes, disse que nada se aproveita”, afirmou em nota o advogado Fábio Wajngarten.

Carlos Bolsonaro, Tércio, José Matheus e Matos Diniz negaram em depoimentos prestados anteriormente à Polícia Federal terem disseminado ataques às instituições democráticas.

A única solução sustentável para os efeitos perversos das fakenews não é repressão, Mas, requer uma cultura que prime por mais apuro e atenção do próprio cliente/cidadão das notícias que lê. Mais liberdade é a saída para que a consciência geral evolua e saiba separar o que é consistente do que é simplesmente um informe interessado em desnutrir a razão.

Fonte; UOL com Renato Martins e método Raio X das Notícias

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