Em entrevista ao UOL News, o deputado federal Rubens Pereira Júnior (PT-MA) disse aguardar pelo retorno de Mauro Cid à CPI dos atos golpistas, já que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro fechou um acordo de delação premiada e teria mais revelações a fazer.
“A informação da delação premiada do Mauro Cid é um fato novo. Ele participou de toda a discussão. Viu e ouviu tudo o que aconteceu. Se ele, de fato, deseja falar, é importante que ele retorne à CPi. Eu ainda brinquei no depoimento dele: ‘Se Mauro Cid falar, acaba a CPI’. Ele pode contar tudo o que queremos saber porque é um personagem central.“
Rubens Pereira Júnior, deputado federal (PT-MA)
Pereira Júnior disse que a CPI do 8/1 se encaminha para seu final. O deputado federal avalia que as investigações comprovam que a invasão às sedes dos Três Poderes não foram fatos isolados e os responsáveis serão punidos, como forma de defesa da democracia no país.
Estamos na reta final da CPI. O presidente definiu a data de 17 de outubro para a conclusão dos trabalhos. A meu ver, fica evidente que o 8 de janeiro não foi um ato isolado. Foi uma tentativa de golpe de Estado. As instituições têm que dar respostas e apurar responsabilidades. Mexer com a democracia no Brasil tem que ser crime. Rubens Pereira Júnior, deputado federal (PT-MA)
Josias: Problemas na Justiça podem sepultar plano político de Braga Netto
Josias de Souza comentou que o futuro político de Braga Netto, candidato à vice na chapa de Jair Bolsonaro no ano passado, pode estar comprometido por conta de seus problemas na Justiça. O colunista avaliou que a delação premiada de Mauro Cid deve colocar Braga Netto no centro da articulação dos atos golpistas de 8/1. O general é alvo de uma operação da Polpicia Federal deflagrada hoje.
“Isso é só o começo da excursão do Braga Netto a caminho do inferno. O que está por vir é coisa muito pesada. Braga Netto teve sorte de principiante na condenação que o TSE impôs ao Bolsonaro. Há outras ações por julgar e, nestas, Braga Netto não deve escapar. Não é negligenciável a hipótese de que ele se torne inelegível, o que sepultaria o plano do PL que o transformaria em candidato à prefeitura do Rio de Janeiro.“
Josias de Souza, colunista do UOL
Ortellado: Bolsonaro revela fraqueza e incapacidade de mobilizar apoiadores
O filósofo e professor da USP Pablo Ortellado avalia que o abatimento demonstrado por Jair Bolsonaro, na sequência do acordo de delação premiada de Mauro Cid, traz consequências diretas para o futuro político do ex-presidente. Ortellado comparou a situação de Bolsonaro à vivida por Lula quando foi preso.
“O estado de espírito do Bolsonaro tem consequências políticas muito grandes. Para atravessar um período conturbado, um líder político precisa ter muita resiliência, mas ele tem demonstrado muita fraqueza e abatimento. Ele não parece ser capaz de transmitir uma imagem e de criar um sentimento a partir dela de mobilização em sua defesa, que será necessário para enfrentar um período de prisão que parece certo.“
Pablo Ortellado, filósofo e professor da USP
(Fonte UOL)