O transplante de Faustão: vitória do SUS ou só mais uma graciosidade nacional com ricos?

Em primeiro lugar rogamos que Faustão tenha plena recuperação e boa adaptação a sua nova condição. A ciência médica alega que o primeiro ano merece atenção e cuidados extremos, com exames de acompanhamento precisos e permanentes. Dito isto, o fato da celeridade de seu atendimento na lista de transplantados deixou o país entre o orgulho do SUS e as suspeitas de favoritismo por fama ou riqueza… Responder e refletir sobre isso importa muito, define quem somos e onde queremos ir como humanos…

Os técnicos do Ministério da Saúde explicaram os critérios da lista e como ela é mais um case de sucesso nacional, assim como o SUS o é – mesmo com suas evidentes limitações orçamentárias e operacionais. Nosso país tem um dos melhores tratamentos para pessoas com HIV do planeta, seja de que classe social for. Aliás, é no Brasil onde a agenda política (a tal política tão mal falada pelo senso comum egoísta destes tempos) engendrou leis com a meta de saúde universal para todos os brasileiros e residentes. Em outros países por aí nem o direito de chiar e chorar os pobres tem. Nos EUA os hospitais despejam pacientes acamados. Vá pesquisar no Google; se tiver estômago.

Paciente despejada nos EUA sob um frio de 3º – pesquisa no google sairá inúmeras matérias.

SIM! O transplante em Faustão é uma vitória do SUS, não do Einstein ou do Sírio… Só o SUS retira e analisa compatibilidade de órgãos, e faz isso muito bem feito. Incluindo muitos ricos já se servem deste serviço bem antes do Faustão, e fazem o processo completo inclusive. Sobre os critérios da lista (fila), estes são transparentes de fato. Funcionam com a combinação de urgência do paciente com a compatibilidade do órgão do doador e da autorização das famílias (que é sigiloso o destino do órgão inclusive). Eu não tenho dúvidas do direito do Faustão como de qualquer outro brasileiro ao SUS – e transplante é serviço do SUS. Na verdade, que este episódio nos permita unir o país na causa do SUS de qualidade, que a igualmente urgente desconcentração de renda sirva para um SUS que disponha até de órgãos artificiais, como o primeiro mundo dispõe pra suas elites e nosso SUS ainda não pode oferecer.

Pobres com COVID nos EUA…

É sobre o valor absoluto da vida de todos que estes debates importam… E a Gestão Pública tem seu valor medido na sua capacidade de protegê-la. Para além, fazer isso irradiando qualidade e não precarizando bilhares. As ideologias que deveriam dar alma à gestão, tem de ser, por analogia, subordinadas as suas capacidades de gerarem qualidade de vida para mais e mais concidadãos. Sem isso como objetivos da política, seremos eternamente reféns de crises cíclicas e guerras cada vez mais comuns e com armas mais destrutivas e sofisticadas do que nossa capacidade cognitiva de repensar a economia pela compaixão e união.

Por Renato Martins com método Raio X das Notícias

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