O mau tempo e uma mudança nos rumos de uma pescaria quase fazem mais uma fatalidade no Rio Grande do Sul, atingido por chuvas e temporais desde a semana passada. A Marinha e os Bombeiros resgataram quatro pessoas que estavam num barco à deriva no Rio Grande do Sul no sábado (9) pela manhã.
O que aconteceu?
A embarcação estava à deriva pelo menos desde a madrugada de sábado, na Lagoa Mirim, a 60 km de Arroio Grande (RS).
A Marinha recebeu a informação de pescadores à deriva às 3h30 da manhã, contatou os Bombeiros, que já tinham a informação. O grupo se deslocaram para o local usando a embarcação Britânia.
Por volta de 7h45, a equipe de socorro localizou o barco Guterres à deriva, com quatro pescadores dentro.
Estavam no barco o empresário Alcemar Guterres, 56 anos, dono do barco, o pai dele, Orlando Amaral, 78 anos, o filho Darlan Oleinizague, 18 anos, e o amigo Décio Seidel, 56 anos, gerente comercial de uma empresa. Todos eram moradores de Santa Rosa (RS), no noroeste do Rio Grande do Sul, a cerca de 700 km da Lagoa Mirim.
Foram levados para o distrito de Santa Isabel-RS, pertencente a cidade de Arroio Grande, em bom estado de saúdeNota da Marinha do Brasil
Mau tempo foi a causa. O empresário Décio Seidel contou ao UOL que a causa do problema foi o mau tempo e a decisão de voltar para a vila onde eles estavam hospedados, em vez de seguir para um local de terra firme .
O quarteto saiu de Santa Rosa (RS), na quinta-feira (7), rodou cerca de 700 km e chegou a uma vila no sudeste do estado, entre Pelotas (RS) e Jaguarão (RS).
Na sexta-feira (8), eles saíram para pescar na Lagoa Mirim. A ideia era chegar a terra firme e acampar lá até sábado (9), voltando depois do almoço.
Depois do meio-dia, iniciaram a travessia da lagoa. Mas, depois de 35 minutos de navegação, o tempo ficou “feio”, segundo Seidel
O tempo começou a ficar um pouco mais para chuva. Daí, a gente ia ter muita dificuldade durante a noite, dependendo do temporal ou alguma coisaDécio Seidel, empresário
Alcemar, o dono do barco Guterres, resolveu voltar para a vila. Ele achava que daria tempo de fazer isso antes de escurecer, mas o barco se prendeu numa rede. Perderam a direção. Depois, o barco se enroscou numa vegetação e começou a entrar água no barco.
“Acabou nossa gasolina”, narra Seidel. “Enroscamos numa vegetação. O barco levantou a dianteira e encheu o barco d’água. Tivemos que pular, perdemos a comida. Começamos a tirar água com os baldinhos que tínhamos de isca.
O grupo gastou mais de uma hora para tirar água do barco. “Depois que entramos no barco de novo, usamos uma loninha para nos cobrir. Aí, pedimos por socorro”, disse Décio.
Os bombeiros foram acionados às 22h de sexta-feira.
“O frio foi terrível”, segundo o empresário. “Para manter o psicológico ‘limpo’, para dizer que tudo ia dar certo, não foi fácil”.
“Às 3 da madrugada, começou um trovejo bem forte, relâmpagos de temporal. Parecia que o pior ia acontecer. Pedi proteção a Deus. Aí veio só uma chuva calma.”
Conseguimos ficar debaixo daquela loninha,os quatro bem juntinhos, e conseguimos suportar o frio, porque, senão, ia dar hipotermia. A gente ia morrer de frio.Décio
Marinha e Bombeiros entravam em contato a todo momento com os pescadores pedindo para eles não desanimarem e solicitando as coordenadas para localizem o grupo no meio da escuridão. A equipe de resgate conseguiu chegar até o barco dos pescadores às 7h45 do sábado (9), já pela manhã.
Para pedir socorro em emergências no mar, a população pode acionar os Bombeiros ou a Marinha pelos telefones 193 ou 185, respectivamente.