‘Eu sou má’: como post-its achados em casa de enfermeira revelaram caso de serial killer de bebês no Reino Unido

A enfermeira Lucy Letby, de 33 anos, vai passar o resto da vida na cadeia. Notas manuscritas encontradas durante buscas policiais na casa de Letby estavam entre as evidências vistas pelo tribunal que a condenou à prisão perpétua, nesta segunda-feira. “Eu sou má, fiz isso”, lia-se num dos escritos, em letras maiúsculas.

O post-it estava entre outros papéis que também registraram “protestos de inocência”, conforme explicou o promotor Nick Johnson à Corte de Manchester Crown, durante o quarto dia do julgamento. Letby acabou sendo condenada por matar cinco meninos e duas meninas recém-nascidos, tornando-se a assassina em série infantil mais prolífica da história moderna do Reino Unido.

As mensagens escritas por Letby foram encontradas após a prisão dela. Outros escritos diziam: “Eu os matei de propósito” e “Nunca terei filhos ou me casarei”. Durante o julgamento, a defesa da enfermeira alegou que as notas mostravam a “angústia, e não a culpa” de Letby. Seriam, na visão da defesa, “a manifestação de uma jovem quando soube que estava sendo acusada de matar crianças de que ela havia feito o possível para cuidar”. A enfermeira negou ter machucado os bebês e afirmou que um grupo de quatro médicos seniores tentou culpá-la para cobrir as deficiências do hospital.

Ao proferir a sentença, o juiz responsável pelo caso afirmou que a mulher não demonstrou se arrepender de suas ações e que não havia fatores “atenuantes” para a imposição de pena menos grave.

— Havia uma malevolência que beirava o sadismo em suas ações. Durante o julgamento, você negou friamente qualquer responsabilidade por seu erro. Você não tem remorso. Não há atenuantes — destacou o juiz Goss, que citou “danos perpétuos” causados por ela às famílias dos recém-nascidos. — Você passará o resto de sua vida na prisão.

Lucy Letby foi presa após uma série de mortes de bebês na unidade neonatal do Hospital Countess of Chester, no noroeste da Inglaterra, entre junho de 2015 e junho de 2016.

A promotoria disse que Letby atacou suas vítimas jovens e muitas vezes nascidas prematuramente injetando ar, alimentando-as demais com leite ou as envenenando com insulina. Após um julgamento que começou em outubro, um júri no Manchester Crown Court encerrou mais de 110 horas de deliberações nesta sexta-feira.

O júri inocentou Letby de duas acusações de tentativa de homicídio e não conseguiu chegar a decisões sobre outras seis acusações de tentativa de homicídio. Mas os múltiplos vereditos de culpa por assassinato já significavam que Letby enfrentava a perspectiva de nunca ser libertada da prisão.

A enfermeira lutou contra as lágrimas no banco dos réus, quando o júri retornou as primeiras decisões de culpa no início de agosto. Ela não estava no tribunal para as decisões finais e teria dito aos advogados que não compareceria à sentença.

‘Resultado agridoce’

As famílias das vítimas de Letby disseram em um comunicado conjunto posteriormente que, embora “a justiça tenha sido feita”, ela “não eliminará a extrema dor, raiva e angústia que todos nós tivemos que experimentar”. Eles acrescentaram que foi um “resultado agridoce”, pois algumas famílias não receberam os veredictos que esperavam.

Os primeiros bebês que Letby foi acusada de atacar eram gêmeos. Um menino, conhecido como criança A, tinha apenas um dia de vida quando morreu no início de junho de 2015, enquanto sua irmã mais velha sobreviveu a uma tentativa de assassinato. Após a morte de dois irmãos trigêmeos com 24 horas de diferença um do outro em junho de 2016, ela foi removida da unidade neonatal e colocada em funções clericais.

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