Das 13 medalhas conquistadas até o momento, 10 foram por mulheres — incluindo a equipe mista de judô.
Com um sorriso estampado no rosto, a judoca Beatriz Souza mandou o recado a milhões de brasileiros logo após conquistar a primeira medalha de ouro do país nesta Olimpíada: “Mulherada, pretos e pretas, é possível”.
Também feliz em “representar a negritude”, a ginasta Rebeca Andrade – ganhadora do segundo ouro em Paris – falava em entrevistas antes das competições sobre a importância de ser “mais uma referência negra para todas as crianças e adultos”, assim como a antecessora Daiane dos Santos foi para ela.
Daiane, hoje comentarista da ginástica na TV Globo, viralizou num discurso emocionado logo após o ouro de Rebeca.
Para o professor e pesquisador Neilton Ferreira Júnior, autor do estudo Olimpismo negro: uma antologia das resistências ao racismo no esporte na Universidade de São Paulo (USP) e professor na UFV, nesse momento de celebração é importante lembrar que o “ineditismo de mulheres negras não é mágica”.
“É um processo de construção sinuoso e mais complexo. Se a gente só valorizar o feito pelo feito, a gente vai esquecer que existem outras Rafaelas e outras Rayssas”, diz Ferreira Júnior, lembrando outras medalhistas em Paris.