LULA E CLOROQUINA: TUDO A VER

Analista político tem sempre o olhar com o benefício da retrospectiva. Mas neste caso não. Sempre dizia que o erro de Bolsonaro virar garoto propaganda de um medicamento inócuo sem debate sério de cientistas, seria um erro mortal. Infelizmente mortal mesmo, literalmente. Ele poderia simplesmente dizer que não sabia como tratar, que não era médico, ser simples e sincero, mas inventar tratamento foi um pecado insanável. Estimulou o bolsonarismo a desconsiderar a ciência, pior, de forma intencionada os distanciou do pensamento crítico, da reflexão que eleva a razão à máxima potencia e a comparação das coisas que gera subsunção de fatos com princípios, ideias e normas legais. Os livraria de memes e notícias duvidosas. Menos fake emotivo e mais depuração. Coisa que em tempo algum Bolsonaro prezou. Pelo contrário, favoreceu a cultura do ‘aloprismo’ informacional como método de cativar pessoas. Entretanto, reafirmo, nada disso, nada da subestimação da ciência e do saber, levou Bolsonaro a perder – a Cloroquina sim – ela e somente ela. Como prova flagrante incontornável de despreparo somado com a qualificadora de insensibilidade.

Tem gente que fala que foi o episódio de Carla Zambeli, atrapalhada correndo armada e esbarrando numa parede – não foi. Outros creditam a derrota ao dia de fúria de Roberto Jeferson – também não foi. Roberto Jeferson tava sendo tratado como herói e pretexto para estopim civil nas bolhas bolsonaristas até o inicio da tarde, quando Bolsonaro o criticou e só aí o bolsonarismo rapidamente da defesa partiu para o ataque a ele. Vejam, não há contradição em comportamentos violentos armados contra as instituições ou negros ‘petistas’. Nada disso tirou 1 voto de Bolsonaro. A cloroquina sim; o desnutriu como líder e capacidade de gestor. Mostrou uma faceta sua debochada ao extremo contra trabalhadores e as famílias enlutadas. Tudo com consequências evidentes e traumáticas. Sem necessidade de oposição.

Ema fugindo da cloroquina

Quem melhor anteviu isso foi Ciro Gomes, quando falou da compra de cloroquina 700% mais cara para empacar em algum galpão desses da vida. Sem utilidade alguma. Aliás, a orientação para médicos a receitarem, o gesto de correr com cloroquina atrás de Ema, as entrevistas de indicação, tudo foi uma absoluta atitude de jogar “cara e coroa” com a vida dos menos informados que acreditavam em seu líder, e a postura foi decisiva no pleito. A mensagem foi de um chefe que brinca, que arrisca com a vida dos mais simples e que não tem escrúpulos para defender patrões gananciosos acima da vida. Isso sim derrotou Bolsonaro.

Mais provas de minha tese? Então vamos lá: Bolsonaro gastou muito na campanha, deu aumento nos auxílios jamais visto, ampliou os beneficiados, deu consignado de 2000 reais para pobres (jamais visto) nas eleições, bolsa táxi, caminhoneiro, perdoou alunos endividados em programas governamentais, gastou bilhões para se eleger, como sempre todos fazem e se reelegem; por que então só ele não foi eleito? Essa história de urnas nem eles levam a sério, uma família onde todos são políticos e tem varias mansões desta atividade, isto nem faz cócegas. Reitero: A cloroquina derrubou Bolsonaro. A atitude de, como gestor, introduzir algo que não curava, e ainda assim a colocar como o epicentro de suas políticas públicas, prometendo que tudo não passava de uma gripezinha curável com Cloroquina, o demonstrou incapaz para a maioria dos brasileiros. Nem o estupro aos cofres públicos de praxe em período eleitoral o salvou. E creiam, muitos evangélicos de verdade (não falo de líderes evangélicos midiáticos não), muitos dos simples que vão a pé com a bíblia viverem sua fé, de bem, não votaram nele exatamente por isso.

A tal da cloroquina foi um atestado de incompetência que fez Lula ser diplomado mais uma vez. Da forma como Ciro previa e avisava.

Por Renato Martins, uma notícia com método Raio X.

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