Congo acusa Apple de extrair ilegalmente minerais em região devastada pela guerra

© AFP / Alexis Huguet

O governo da República Democrática do Congo (RDC) acusa a Apple de explorar ilegalmente minerais do leste do país, segundo advogados que representam o país africano e enviaram à Apple uma notificação formal, reportou nesta quinta-feira (25) a agência de notícias AFP.

De acordo com os advogados, a Apple compra minerais contrabandeados do país, que vão a Ruanda para ser lavados e “integrados na cadeia de abastecimento global“. Minerais essênciais para a fabricação de computadores cujo foram de aquisição é extremamente sangrenta..

“A Apple vendeu tecnologia feita com minerais provenientes de uma região cuja população está sendo devastada por graves violações dos direitos humanos”, escreveram os advogados da RDC, reportou a agencia de notícias.

Em setembro de 2023, o presidente do Congo, Félix Tshisekedi, se reuniu com o escritório de advocacia internacional Amsterdam & Partners LLP para investigar a cadeia de suprimentos de estanho, tungstênio e tântalo — conhecidos como minerais 3T (estanho é “tin” em inglês) — devido a preocupações com as exportações ilegais.

No seu último relatório, a Apple, empresa fabricante do iPhone, garantiu que até 31 de dezembro de 2023 nenhuma das suas fundições e refinarias parceiras tinha ligações com grupos armados na República Democrática do Congo.

A companhia garantiu, por meio de nota, que “com base em nossos esforços de devida diligência […], não encontramos nenhuma base razoável” para concluir qualquer vínculo ilegal.

Rica em minerais, a região dos Grandes Lagos Africanos, que compreende a RDC, é palco de extrema violência desde a década de 1990, com conflitos e guerras regionais. Em 2021, rebeldes do Movimento 23 de Março (M23) retomaram áreas para deter o controle do comércio ilícito de estanho e ouro, bem como de coltan e tântalo, amplamente utilizados em telefones celulares e computadores.

A República Democrática do Congo, as Nações Unidas e os países ocidentais acusam Ruanda de apoiar grupos rebeldes, incluindo o M23, em uma tentativa de controlar os vastos recursos minerais da região, uma alegação que Kigali nega.

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