Uma equipa científica internacional revelou uma característica surpreendente de um exoplaneta já conhecido pelo seu clima extremo: um intenso cheiro a ovos podres.
De acordo com um novo estudo, publicado na revista Nature Astronomy, o planeta HD 189733b, descoberto em 2005, é composto por uma grande quantidade de sulfeto de hidrogénio, o que emite um odor bastante desagradável, semelhante ao de um ovo podre.
A descoberta é do Telescópio Espacial James Webb e foi divulgada esta segunda-feira.
Segundo os investigadores, o planeta HD 189733b “não é um planeta que os humanos desejariam visitar”, mas “é um alvo valioso para aprofundar o nosso conhecimento em ciências planetárias”, garantiu o astrofísico Guangwei Fu, da Universidade Johns Hopkins em Baltimore, autor principal do estudo.
“É mais semelhante a Júpiter do que se sabia anteriormente”
Ainda que cerca de 10% maior do que Júpiter em diâmetro e massa e muito mais quente, este exoplaneta “é mais semelhante a Júpiter do que se sabia anteriormente”, uma vez que também Júpiter tem quantidades residuais de sulfeto de hidrogénio na sua atmosfera.
Com a recente investigação, os investigadores confirmaram também, tal como já se suspeitava, que o planeta tem água e dióxido de carbono na sua atmosfera.
“Com estas três moléculas, conseguimos contar a quantidade de oxigénio, carbono e enxofre que o planeta tem, dando-nos a oportunidade de entender como o planeta pode ter-se formado e se é diferente ou não dos planetas no nosso sistema solar”, disse o astrofísico Luis Welbanks, da Universidade Estadual do Arizona, coautor do estudo.
Além disso, as observações do Webb também descartaram a presença de metano na atmosfera do planeta.
“Compreender a composição deste e de outros exoplanetas permite-nos entender quão único é o nosso próprio sistema solar e ajuda-nos a colocar a nossa existência em contexto”, disse Welbanks.
“Embora não estejamos à procura de vida no HD 189733b – é demasiado quente, composto principalmente de hidrogénio e hélio, não é como a Terra, etc. – entender a sua atmosfera permite-nos compreender como a física e a química se comportam em diferentes ambientes e começar a montar a ‘receita’ para a formação de planetas”, acrescentou.