Por que nossa galera acredita tanto em fake news e teorias da conspiração?

As redes sociais são um terreno muito fértil para a desinformação, isso é fato. O que muita gente acha é que a nossa galera, que é a geração que mais domina os aplicativos, está quase imune às armadilhas virtuais. Não é bem assim – na verdade, pesquisas mostram o oposto.

Um estudo recém-divulgada do Center for Countering Digital Hate, organização sem fins lucrativos dedicada à proteção dos direitos humanos e das liberdades civis na internet, apontou que adolescentes podem ser mais vulneráveis a teorias conspiratórias disseminadas nas redes sociais do que adultos.

Segundo a pesquisa, que questionou cerca de mil adultos e mil adolescentes sobre ideias conspiratórias relacionadas a temas como vacinação, migração, aquecimento global e supremacia branca, 60% da população dos Estados Unidos entre 13 e 17 anos acreditam nesse tipo de desinformação. Já entre os mais velhos a taxa cai para 49%.

Um outro estudo desenvolvido por psicólogos da Universidade de Cambridge  concluiu que jovens e usuários frequentes da internet são mais propensos a cair em fake news, enquanto pessoas mais velhas e consumidores de mídias tradicionais conseguem identificar manchetes reais com mais facilidade.

Vale levar em consideração que a maneira de se informar, a linguagem e os canais se transformaram com a internet. A nossa galera usa as redes sociais para diversas coisas, do entretenimento ao estudo, incluindo ler notícias. Um relatório da Reuters Institute Digital News mostrou que 1 em cada 5 pessoas entre 18 e 24 anos se informa sobre o que está acontecendo no mundo única e exclusivamente pelo Ti

Acontece que nas redes qualquer pessoa é fonte de informação – o que não é negativo, pelo contrário: é um ganho em relação a diversidade de vozes. E, sim, existe bastante conteúdo e informação de qualidade no TikTok ou em outras redes. O problema é que isso também dá espaço para grupos má intencionados usá-las como ferramenta de desinformação. Afinal, tudo se espalha muito rápido no virtual, principalmente, as mentiras, né?

E as pessoas, na verdade, até curtem fake news. A psicologia explica que o ser humano tem a tendência de crer no que já acreditava antes. Foi o que o psicólogo cognitivo Peter Wason definiu, em 1960, como “viés de confirmação”. Para evitar o desconforto de receber uma informação contrária a suas crenças, as pessoas tendem a negar, a qualquer custo, o conteúdo ou fonte – mesmo que existam dados, pesquisas e argumentos muito consistentes.

Assim formam-se grupos nas redes sociais que compartilham as mesmas ideias. Eles criam uma espécie de bolha, que quando qualquer discussão ou ponto diferente de suas convicções chega perto, eles são expelidos rapidamente.

Os impactos da desinformação na política e na saúde mental

Durante a abertura do seminário Combate à Desinformação e Defesa da Democracia, que aconteceu na última semana, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, avaliou que a desinformação disseminada pela internet é a “praga do século 21”. “Notícias fraudulentas disseminadas nas redes sociais aumentaram exponencialmente o número de suicídios em adolescentes. Isso é uma praga”, afirmou.

O ministro também destacou que esse cenário de desinformação coloca em risco a democracia brasileira, dando o exemplo dos atos golpistas de 8 de janeiro. “Tudo foi organizado a partir das redes, com uma série de mensagens fraudulentas e mentirosas, que se iniciaram lá atrás, em relação a inexistentes e absurdas alegações de fraudes nas urnas. Nós vivemos, aqui no Brasil, talvez o que nenhum outro país viveu. Sentimos na pele a questão da desinformação”, discursou.

Segundo Moraes, para combater essa “praga”, é necessário instrumentalizar todos os meios de controle e a Justiça. Essa será uma tarefa de todos poderes, autoridades e sociedade em geral. Inclusive, da nossa galera, mais jovem, viu? Neste outro texto, a CAPRICHO reuniu 5 pontos importantes para você entender melhor o tema – e aprender a fugir de notícias falsas.

(Fonte: Capricho)

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