O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizará, nesta terça-feira (19), a partir das 10h (de Brasília), o discurso de abertura da 78ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos.
Entre os temas que devem ser abordados pelo chefe do Executivo está a necessidade de uma reforma no sistema de governança global. Segundo Lula, o modelo que vigora atualmente, criado após a Segunda Guerra Mundial, não representa mais a geopolítica do século 21.
Outra questão que deve ser levantada são os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
“Por que o Brasil não pode entrar? Por que a Índia não pode entrar? Por que a África do Sul não pode entrar? Por que não pode entrar a Alemanha? Por que não pode entrar a Índia? Quem é que disse que os mesmos países que foram colocados lá em 1945 continuem lá?”, questionou Lula durante o “Conversa com o Presidente”, sua live semanal.
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Por Lula é o primeiro a falar?
O Brasil foi um dos membros fundadores da ONU, em 1945, e é o país que abre os discursos da organização desde 1947. Não há um motivo formal para isso, mas, no meio diplomático, a deferência é ao importante trabalho do diplomata brasileiro Oswaldo Aranha, que presidiu a Assembleia-Geral em 1947.
Há também a tese de que o Brasil foi escolhido para abrir os trabalhos para evitar tensões entre os Estados Unidos e a então União Soviética, que começavam a ter uma relação conturbada durante a Guerra Fria. O Brasil era um país neutro.
Outros compromissos
Antes de sua fala, o presidente se encontrará com o secretário-geral da ONU, António Guterres, às 9h40.
Veja as outras reuniões bilaterais de Lula no dia:
- 16h: Alexander Van der Bellen, presidente da Áustria
- 17h: Olaf Scholz, chanceler da Alemanha
- 18h15: Jonas Gahr Støre, primeiro-ministro da Noruega
- 19h: Mahmoud Abbas, presidente do Estado da Palestina e da Autoridade Nacional Palestina
Lula chegou a Nova York ainda na noite de sábado (16) após participar da reunião de líderes do G77+China, em Cuba. O petista deverá permanecer nos Estados Unidos até quinta-feira (21).
Lula tem reuniões bilaterais com autoridades europeias antes de Assembleia da ONU | CNN NOVO DIA
Transição energética
Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em entrevista à CNN, Lula fará durante o discurso um chamado para que os países desenvolvidos financiem os esforços para a transição energética.
“Não é justo que o Brasil e os demais países do Sul Global paguem pela transição. Essa transição deve ser monetizada”, afirmou Silveira.
A ideia, de acordo com o ministro, é transmitir a mensagem de que a agenda verde contribuirá para a paz.
“O mundo, especialmente os países desenvolvidos, que já têm qualidade de vida, precisam reconhecer a importância da construção de um mundo de paz. E essa paz há de ser construída a partir da prosperidade dos países em desenvolvimento. E essa ideia de conexão entre os dois temas que venho conversando com o presidente Lula”, citou.
Silveira está em Nova York, onde lançou no último domingo (17), em evento da ONU, o Programa Nacional de Transição Energética Justa e Inclusiva.
A investidores estrangeiros, o titular de Minas e Energia falou sobre os planos do governo para promover a descarbonização da economia e destacou a importância da aprovação do projeto de lei do Combustível do Futuro para destravar projetos de biocombustíveis e hidrogênio verde no país.
Dívida de países ricos
Ao reforçar a defesa de que os países desenvolvidos devem pagar pelo “desenvolvimento industrial” dos últimos 200 anos, Lula repetirá o que disse durante a Cúpula da Amazônia, em agosto.
Na ocasião, o presidente afirmou que a dívida dos países ricos, que não estariam cumprindo acordos de financiamento para o desenvolvimento ambiental, supera os US$ 100 bilhões (cerca de R$ 500 bilhões).
O chefe do Executivo brasileiro deve citar a legitimidade do país para cobrar as nações desenvolvidas.
Um dos exemplos que devem ser lembrados é a diminuição do desmatamento na Amazônia desde o início do ano em comparação com o mesmo período do ano passado.
A redução é de 48% de janeiro a agosto, o que permitiu que o Brasil deixasse de emitir quase 200 milhões de toneladas de carbono.
(Fonte: CNN)