Menos fiscalização mais armas; tráfico e mortes crescem na Amazônia entre 2019 e 22 – veja roteiro da violência em dados

Nos últimos dez anos, a única região do Brasil que não registrou queda no número de mortes violentas intencionais foi o Norte. Em vez disso, elas cresceram 77%. A Amazônia é hoje uma rota importante do tráfico internacional de drogas e tem uma presença crescente de facções criminosas. É um processo que vem de anos e que pode ser explicado por vários fatores. Um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública se propôs a estudá-los. Os dados obtidos mostram que o registro de armas de fogo quase dobrou nos estados amazônicos desde 2019, enquanto na média brasileira o crescimento foi de 47%. O policiamento é escasso, e o número de embarcações disponíveis para patrulhamento em toda a Amazônia não se equipara ao da PM de São Paulo. A população carcerária da região, enquanto isso, aumentou 80% em dez anos. O =igualdades explica os dados.

O crescimento dos registros de armas de fogo na Amazônia foi de 91% entre 2019 e 2022, enquanto a média nacional subiu 47,5%. Entre os estados da Amazônia Legal, Mato Grosso foi o que apresentou o maior número de registros (63,3 mil), seguido do Pará (43 mil).

Proporcionalmente à área territorial, há bem menos PMs na Amazônia do que no Brasil todo. Cada policial é responsável, em média, pelo patrulhamento de 83 km² na Amazônia, enquanto no Brasil a proporção cai para 21 km².

A quantidade de infrações ambientais expedidas por órgãos de fiscalização aumentou nos últimos dois anos. Em 2020, o Ibama registrou 5 mil autuações, número que em 2022 subiu para 7,9 mil. Os estados com maior número de multas por infração ambiental foram Pará (3.350), Rondônia (1.059) e Amazonas (1.021). Nos últimos anos, a destruição ambiental se agravou sobretudo no Pará, afetado pelo desmatamento e pela extração de minérios. 

Grande parte da floresta amazônica só é acessível por vias fluviais. Apesar disso, as polícias da região têm poucos veículos disponíveis, o que dificulta o patrulhamento e a locomoção. Há uma distribuição desigual de equipamentos até mesmo entre os próprios estados do Norte. No Amazonas, o maior em extensão territorial, com maior número de rios e afluentes, as forças policiais têm apenas doze embarcações. Em Rondônia, são 56.

O estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública levanta duas hipóteses para o aumento da apreensão de cocaína: uma maior eficiência do Estado no combate ao tráfico e o crescimento da circulação de drogas. Uma hipótese não exclui a outra. Mas, segundo os pesquisadores, a resposta está principalmente no aumento do volume de cocaína transportado na região. Isso porque o número de plantações de folha de coca vem crescendo na América Latina, o que condiz com as toneladas de cocaína em circulação.

Em dez anos, a população carcerária na Amazônia Legal cresceu 80%, enquanto a média nacional subiu 51%. Em números absolutos, na Amazônia, as pessoas privadas de liberdade eram 54 mil e passaram a ser 98 mil. No Brasil como um todo, são 832 mil.

A região amazônica se tornou palco de disputas entre facções locais e de países vizinhos. Apesar do Brasil ter registrado uma redução no número de mortes violentas nos últimos dez anos, a Amazônia teve crescimento. Em 2022, foram registradas 23,3 mortes internacionais no país a cada 100 mil pessoas, enquanto na Amazônia Legal foram 33,8.

Fonte: Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Instituto Mãe Crioula com Amanda Gorziza, Repórter da Piauí

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